Como o Japão pode aumentar sua relevância na comunidade internacional

Palestra - Nobuhiro Watsuki
Fãs assistem à palestra de Nobuhiro Watsuki, criador do mangá Samurai X, na Associação Japonesa de Santos (Foto: Matheus Misumoto)

O Japão é altamente reconhecido por sua cultura rica e pela tecnologia, e elogiado por ética de seu povo e pela educação em busca de um bem-estar coletivo e pacífico. Tem uma imagem positiva, e portanto, um imenso potencial de influência na construção e manutenção de uma comunidade internacional mais harmoniosa.

Na solução de conflitos internacionais, por exemplo, o Japão deve usar de sua posição não-permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas para assumir uma posição proativa em resultados por meio da diplomacia, contribuindo com o ponto de vista de ser o único país a ter sofrido as consequências de um bombardeio nuclear. Deve estimular decisões sábias que priorizem os serviços de inteligência no combate ao terrorismo, evitando mortes de inocentes.

O combate às mudanças climáticas é um dos grandes desafios adotados pela comunidade internacional, após a assinatura do Acordo de Paris. O Japão pode colaborar com o seu vasto conhecimento em tecnologia e engenharia para o uso eficiente da energia por meio de fontes renováveis. Mais do que isso, pode incentivar a adoção de medidas positivas ao redor do mundo por meio de intercâmbio acadêmico e programas de cooperação internacional.

Aliás, a diplomacia japonesa deve, na medida do possível, manter ou ampliar os programas realizados pela JICA para o desenvolvimento socioeconômico de outros países. Desta forma, o Japão fortalece sua posição amistosa e solidária no cenário internacional, ao mesmo tempo que ajuda na prosperidade das pessoas e no desenvolvimento sustentável defendido pela Organização das Nações Unidas.

Além disso, o Japão deve abraçar uma nova realidade que privilegia o intercâmbio contínuo de experiências entre diferentes povos, diferentes culturas e diferentes relações de negócios.

Em todo o ambiente acadêmico, o Japão pode e deve ampliar iniciativas que permitam o intercâmbio entre o corpo docente e discente das universidades de diversas partes do mundo. Isso trará benefícios não só para os acadêmicos japoneses e estrangeiros, mas para toda a sociedade japonesa.

Permitindo que mais pesquisadores, trabalhadores e executivos estrangeiros ingressem no Japão, o país terá benefícios socioeconômicos e ganhará novos influenciadores que promoverão sua experiência em conversas com parentes, amigos e colegas de trabalho em seus países de origem.

Entretanto, o Japão deve realizar também um trabalho socioeducativo interno, para que sua própria população saiba conviver com um cenário cada vez mais internacionalista. Os japoneses devem se esforçar para aprender o inglês, língua franca, ao mesmo tempo em que deve facilitar ao máximo o ensino do japonês para imigrantes ou trabalhadores expatriados e sua integração à sociedade. Além disso, ter em mente que haverão diferenças culturais e de pontos de vista relacionados à vida em sociedade e no mundo corporativo, buscando o diálogo e o entendimento mútuo. No Brasil, os nikkeis já estão tão bem integrados, assumindo posições de liderança em diversas áreas. São respeitados, assim como a cultura japonesa, que vários deles ajudam a preservar em um país tão distante.

A comunidade nipo-brasileira vêm se esforçando para promover o Japão que encanta os olhares de várias pessoas ao redor do mundo, principalmente por meio da cultura tradicional. O Japão moderno – representado principalmente pela tecnologia e pela cultura pop dos animês, mangás e videogames – cativa milhares de jovens, a maioria não-nikkeis, que representam o potencial da influência do Japão no futuro.

O Japão deve estimular ambos os cenários que o definem tão bem – a união do antigo com o moderno – em suas comunidades ao redor do globo. A Japan House é uma destas importantes iniciativas, mas outras podem ser estudadas envolvendo a comunidade nikkei local, empresas japonesas e instituições governamentais.

A importância de medidas como esta aumentam, não só por conta do mundo interconectado que vivemos, mas também pelos problemas que o Japão enfrenta com a inversão da pirâmide social e seus impactos socioeconômicos.

Dentro desta perspectiva, os Jogos Olímpicos Tóquio 2020 são a oportunidade de ouro para mostrar à turistas, à comunidade internacional e à própria sociedade japonesa um Japão moderno, aberto ao novo, e que é capaz de lidar com uma nova dinâmica global não só de consumo e negócios, mas também da própria interação humana.

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