O criador do mangá Crayon Shin-chan, Yoshito Usui, foi encontrado morto neste domingo no Japão. O corpo foi achado em uma região montanhosa em Gunma, província localizada na região central do Japão. Aparentemente ele caiu em um precipício.
Segundo a agência de notícias EFE, o mangaká estava sendo procurado desde o dia 11 de setembro, quando ele tinha dito que sairia para passear.
Informações publicadas no Blog do Penpas dizem que o funeral será realizado de forma reservada a amigos e parentes próximos. Em coletiva promovida pela editora Futabasha, que publicava as histórias, foi dito que na câmera digital encontrada com Usui havia fotos tiradas de um ângulo debaixo para cima no precipício.
Crayon Shin-chan conta a história de Shinnosuke Nohara, um garoto de 5 anos, típico pestinha. Ele gosta de ver garotas de biquíni nas revistas e na TV, assedia mulheres com idade para ser a mãe dele, coloca as pessoas ao seu redor em situações constrangedoras e, é claro, desobedece aos pais. Sua mãe é obsessiva pela aparência e por liquidações, e seu pai é inseguro e às vezes pensa em outras mulheres e exagera um pouco na bebida. Talvez seja a típica caricatura de família pós-moderna. O animê é considerado “Os Simpsons” do Japão.
No Japão, o mangá e o animê foram sucesso. Tanto que levaram setores da sociedade (entenda-se pais e educadores) a tirar o desenho do ar, dizendo que poderia fazer com que as crianças se tornassem mais malcriadas. Sem dúvida, a marca registrada do desenho era a “dança da bundinha peladinha”, em que Shin-chan abaixava as calças e dançava comicamente.
No Brasil, o mangá teve uma tiragem curta e breve. Já o animê passou pela Fox Kids (atual Disney XD) e ocupa a grade do Animax, de forma exclusiva, desde que o canal chegou ao Brasil em 2005.
Fiquei sabendo da notícia pelo Blog do Penpas, via Twitter do próprio autor do blog, Renato Siqueira. Ele acompanhou o caso pelos sites de notícias japoneses. E ainda conta que soube, em viagem ao Japão, que o personagem era homenageado na cidade onde o autor nasceu e a história da série se passa, Kasukabe.
Realmente foi um dos mais importantes autores de mangás, vide o sucesso estrondoso na década de 90, e até hoje em alguns países. Assistia Shin-chan desde a época da Fox Kids, e tenho a primeira edição do mangá, publicado pela Panini Comics. Um dos animês que marcaram a minha infância e que ainda assisto, de vez em quando, no Animax.
O animê é bem engraçado, e é cativante para qualquer pessoa – da criança ao adulto. Visualmente é mais infantil, mas as situações do pestinha Shin-chan são realmente de um humor sensacional. E que agora ficará marcado para sempre.
A notícia da morte de Usui foi noticiada nos principais portais de notícias brasileiros, como o G1 e o UOL; além de sites especializados. Apesar da repercussão, só transcreveram a nota distribuída pela agência EFE. Apenas lendo o texto “padrão” não dá para ter uma idéia do autor ou sequer do seu título mais famoso.
Nesta segunda-feira, foi destaque da coluna Ooops!, da Folha Online, sobre bastidores da TV e celebridades. Aí sim, houve um maior contexto da notícia pelo colunista Ricardo Feltrin, explicando a série e algumas curiosidades.
A seguir, dois episódios da série: “As folhas” e “Mamãe está engordando”. Se você não conhece, vale a pena assistir. Aliás, há vários outros episódios no YouTube. Divirta-se, é uma forma de homenagear o autor do irreverente Shinnosuke Nohara.
Edição em 29/09/2009: Os vídeos foram removidos do YouTube por reivindicação de direitos autorais. Uma pena.
Descanse em paz, Usui Yoshito (21 de abril de 1958 – 11 de setembro de 2009). ありがとう。